Pessoal da 101, 102 e 103, abaixo vocês encontram alguns textos que ajudarão a elaborar as questões propostas a seguir.
Boa leitura e boa reflexão.
Prof. Fabio.
O
jaburu e o colonialismo
[O jaburu] a ave que para mim simboliza nossa terra.
Tem estatura avantajada, pernas grossas, asas fornidas, e passa os
dias com uma perna cruzada na outra, triste, triste, daquela austera,
apagada e vil tristeza.
Capistrano de Abreu
(Carta
a João Lúcio d’Azevedo)
Numa terra radiosa vive um povo triste.
Legaram-se esse melancolia os descobridores que a revelaram ao mundo
e a povoaram. O esplêndido dinamismo dessa gente rude obedecia a
dois grandes impulsos que dominam toda a psicologia da descoberta e
nunca foram geradores de alegria: a ambição do ouro e a
sensualidade livre (...).
Paulo Prado
(Retrato
do Brasil)
Colonialismo
é a política de exercer o controle ou a autoridade sobre um
território ocupado e administrado por um grupo de indivíduos com
poder militar, ou por representantes do governo de um país ao qual
esse território não pertencia, contra a vontade dos seus habitantes
que, muitas vezes, são desapossados de parte dos seus bens (como
terra arável ou de pastagem) e de eventuais direitos políticos que
detinham. O termo colônia vem do latim, designando o estabelecimento
de comunidades de romanos, geralmente para fins agrícolas, fora do
território de Roma. Ao longo da história, a formação de colônias
foi a forma como a raça humana se espalhou pelo mundo. A exploração
desenfreada dos recursos dos territórios ocupados – incluindo a
sua população, quase totalmente aniquilada, como aconteceu nas
Américas, ou transformada em escravos que espalharam pelo resto do
mundo, como na África – levou a movimentos de resistência dos
povos locais e, finalmente à sua independência, num processo
denominado descolonização, terminando estes impérios coloniais em
meados do século XX.
Fonte: Wikipedia
Desculturação
- substantivo feminino. 1 Tendência para se
afastar da influência da cultura tradicional;
2 Perda ou degradação da identidade cultural de um indivíduo ou de um grupo étnico.
2 Perda ou degradação da identidade cultural de um indivíduo ou de um grupo étnico.
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
Guerra
de fronteira
As fronteiras ideológicas da Guerra Fria
atravessavam países e continentes, separando o “mundo livre” do
outro e dos simpatizantes do outro. A não ser que visitasse um país
comunista ou freqüentasse algum “aparelho”, você nunca as
cruzava. Sequer as via. Independentemente das suas simpatias ou
eventuais rebeldias, vivia dentro de um perímetro comum bem
definido. Com o fim da Guerra Fria, as fronteiras ideológicas
desapareceram e nos vimos dentro de outra macrogeografia, a das
fronteiras econômicas. Estas são visíveis demais. Separam bairros,
dividem ruas, são fluidas e ondulantes – e no Brasil você as
cruza todos os dias. Mais de uma vez por dia você passa por
floridas, suíças, bangladeshes, algumas bolívias... E em cada
sinal de trânsito que pára, está na Somália.
É impossível proteger estas fronteiras como se
protegiam as outras. A grande questão do novo século é como
defender seu perímetro pessoal da miséria impaciente e predadora à
sua volta. Os americanos não podem ajudar desta vez, a fronteira
maluca ziguezagueia dentro dos Estados Unidos também. No Brasil da
criminalidade crescente e da bandidagem organizada, as fronteiras
econômicas são, cada vez mais, barricadas e terras de ninguém. No
fim é uma guerra de contenção, de proteção de perímetros. E os
excessos cometidos são defendidos com a velha frase, que foi o
adágio definidor do século 20 e ganha força no século 21: os fins
justificam as barbaridades. As chacinas de lado a lado, o poder de
pequenos tiranos com ou sem uniforme de aterrorizarem o cotidiano de
todo o mundo, tudo é permitido porque é uma luta de barreira, onde
se repelem ou se forçam tomadas de território, como em qualquer
fronteira deflagrada. Cara a cara, nação contra nação.
Há um sentimento generalizado, mesmo que não seja
dito, que a maior parte da população do mundo é lixo. Excrescência
irrecuperável, condenada a jamais ser outra coisa. Esta não é
certamente uma constatação nova e nem qualquer utopista
ultrapassado chegou a pensar que o contrário era completamente
viável. A novidade é que hoje se admite pensar o mundo a partir
dela. Já se pode dormir com ela. A ordem econômica mundial está
baseada na inevitabilidade de a maior parte do planeta ser habitada
por lixo irreciclável. Ser “politicamente correto” hoje é dizer
o que ninguém mais realmente pensa – sobre raças, sobre os
pobres, sobre a consciência e compaixão - para não parecer
insensível, mas com o entendimento tácito de que só se está
preservando uma convenção que a retórica dos bons sentimentos
finalmente substituiu totalmente os bons sentimentos. É a intuição
destes novos tempos sem remorso que move o entusiasmo crescente do
público com a truculência policial na nossa guerra do dia-a-dia.
Nem tem sentido discutir se as vítimas mereceram ou não. Não
existe lixo inocente ou culpado. O que está no lixo é lixo.
Demasia. Excesso. Excrescência.
Luis
Fernando Veríssimo
(Zero
Hora, 29/11/2007)
Desde seu descobrimento, como vimos na Carta de Pero
Vaz de Caminha, por exemplo, o Brasil vive um processo de
desculturação
que facilita a dominação e o desenvolvimento colonialista de
expansão econômica e política. Este processo, que começa com a
catequização dos indígenas, ainda perdura?
Como estamos começando a estudar a Literatura
Brasileira, torna-se necessário refletir sobre o tema.
Reuna-se com os colegas, leia os textos acima e
tente elaborar sua opinião a respeito para que possamos debater,
principalmente a partir das seguintes questões:
1. Ainda sofremos um processo de desculturação?
2. Em caso afirmativo, como você acha que ele afeta a sua visão/compreensão sobre
o mundo e sobre o Brasil?
3. Será que ainda vivemos sob o domínio de
alguma outra nação ou o país é totalmente independente, sob
qualquer aspecto?
4. Na sua opinião, como a Literatura Brasileira
poderia (ou deveria) representar o Brasil?
5. Que imagem, cena (de filme), texto (ficcional
ou não), filme ou acontecimento histórico lhe parece mais
representativo da sua visão sobre o Brasil?
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