domingo, 2 de setembro de 2012

Questionário para o 1º ano


Pessoal da 101, 102 e 103, abaixo vocês encontram alguns textos que ajudarão a elaborar as questões propostas a seguir.
Boa leitura e boa reflexão.

Prof. Fabio.

O jaburu e o colonialismo

[O jaburu] a ave que para mim simboliza nossa terra. Tem estatura avantajada, pernas grossas, asas fornidas, e passa os dias com uma perna cruzada na outra, triste, triste, daquela austera, apagada e vil tristeza.

Capistrano de Abreu
(Carta a João Lúcio d’Azevedo)

Numa terra radiosa vive um povo triste. Legaram-se esse melancolia os descobridores que a revelaram ao mundo e a povoaram. O esplêndido dinamismo dessa gente rude obedecia a dois grandes impulsos que dominam toda a psicologia da descoberta e nunca foram geradores de alegria: a ambição do ouro e a sensualidade livre (...).
Paulo Prado
(Retrato do Brasil)

Colonialismo é a política de exercer o controle ou a autoridade sobre um território ocupado e administrado por um grupo de indivíduos com poder militar, ou por representantes do governo de um país ao qual esse território não pertencia, contra a vontade dos seus habitantes que, muitas vezes, são desapossados de parte dos seus bens (como terra arável ou de pastagem) e de eventuais direitos políticos que detinham. O termo colônia vem do latim, designando o estabelecimento de comunidades de romanos, geralmente para fins agrícolas, fora do território de Roma. Ao longo da história, a formação de colônias foi a forma como a raça humana se espalhou pelo mundo. A exploração desenfreada dos recursos dos territórios ocupados – incluindo a sua população, quase totalmente aniquilada, como aconteceu nas Américas, ou transformada em escravos que espalharam pelo resto do mundo, como na África – levou a movimentos de resistência dos povos locais e, finalmente à sua independência, num processo denominado descolonização, terminando estes impérios coloniais em meados do século XX.
Fonte: Wikipedia
Desculturação - substantivo feminino. 1 Tendência para se afastar da influência da cultura tradicional;
2 Perda ou degradação da identidade cultural de um indivíduo ou de um grupo étnico.
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa


Guerra de fronteira

    As fronteiras ideológicas da Guerra Fria atravessavam países e continentes, separando o “mundo livre” do outro e dos simpatizantes do outro. A não ser que visitasse um país comunista ou freqüentasse algum “aparelho”, você nunca as cruzava. Sequer as via. Independentemente das suas simpatias ou eventuais rebeldias, vivia dentro de um perímetro comum bem definido. Com o fim da Guerra Fria, as fronteiras ideológicas desapareceram e nos vimos dentro de outra macrogeografia, a das fronteiras econômicas. Estas são visíveis demais. Separam bairros, dividem ruas, são fluidas e ondulantes – e no Brasil você as cruza todos os dias. Mais de uma vez por dia você passa por floridas, suíças, bangladeshes, algumas bolívias... E em cada sinal de trânsito que pára, está na Somália.
É impossível proteger estas fronteiras como se protegiam as outras. A grande questão do novo século é como defender seu perímetro pessoal da miséria impaciente e predadora à sua volta. Os americanos não podem ajudar desta vez, a fronteira maluca ziguezagueia dentro dos Estados Unidos também. No Brasil da criminalidade crescente e da bandidagem organizada, as fronteiras econômicas são, cada vez mais, barricadas e terras de ninguém. No fim é uma guerra de contenção, de proteção de perímetros. E os excessos cometidos são defendidos com a velha frase, que foi o adágio definidor do século 20 e ganha força no século 21: os fins justificam as barbaridades. As chacinas de lado a lado, o poder de pequenos tiranos com ou sem uniforme de aterrorizarem o cotidiano de todo o mundo, tudo é permitido porque é uma luta de barreira, onde se repelem ou se forçam tomadas de território, como em qualquer fronteira deflagrada. Cara a cara, nação contra nação.
Há um sentimento generalizado, mesmo que não seja dito, que a maior parte da população do mundo é lixo. Excrescência irrecuperável, condenada a jamais ser outra coisa. Esta não é certamente uma constatação nova e nem qualquer utopista ultrapassado chegou a pensar que o contrário era completamente viável. A novidade é que hoje se admite pensar o mundo a partir dela. Já se pode dormir com ela. A ordem econômica mundial está baseada na inevitabilidade de a maior parte do planeta ser habitada por lixo irreciclável. Ser “politicamente correto” hoje é dizer o que ninguém mais realmente pensa – sobre raças, sobre os pobres, sobre a consciência e compaixão - para não parecer insensível, mas com o entendimento tácito de que só se está preservando uma convenção que a retórica dos bons sentimentos finalmente substituiu totalmente os bons sentimentos. É a intuição destes novos tempos sem remorso que move o entusiasmo crescente do público com a truculência policial na nossa guerra do dia-a-dia. Nem tem sentido discutir se as vítimas mereceram ou não. Não existe lixo inocente ou culpado. O que está no lixo é lixo. Demasia. Excesso. Excrescência.

Luis Fernando Veríssimo
(Zero Hora, 29/11/2007)

Desde seu descobrimento, como vimos na Carta de Pero Vaz de Caminha, por exemplo, o Brasil vive um processo de desculturação que facilita a dominação e o desenvolvimento colonialista de expansão econômica e política. Este processo, que começa com a catequização dos indígenas, ainda perdura?
Como estamos começando a estudar a Literatura Brasileira, torna-se necessário refletir sobre o tema.
Reuna-se com os colegas, leia os textos acima e tente elaborar sua opinião a respeito para que possamos debater, principalmente a partir das seguintes questões:

1. Ainda sofremos um processo de desculturação?
2. Em caso afirmativo, como você acha que ele afeta a sua visão/compreensão sobre o mundo e sobre o Brasil?
3. Será que ainda vivemos sob o domínio de alguma outra nação ou o país é totalmente independente, sob qualquer aspecto?
4. Na sua opinião, como a Literatura Brasileira poderia (ou deveria) representar o Brasil?
5. Que imagem, cena (de filme), texto (ficcional ou não), filme ou acontecimento histórico lhe parece mais representativo da sua visão sobre o Brasil? 

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